sexta-feira, 2 de março de 2012


                                         Quem é esse Linguista? 



MARIO A. PERINI


É atualmente professor no Programa de Pós-graduação em Língua Portuguesa da PUC de Minas Gerais. Foi anteriormente professor na UFMG e na UNICAMP e professor visitante nas universidades de Illinois e do Mississippi (EUA).
Aos 66 anos, Perini tem pelo menos um motivo para não pensar em parar de trabalhar. Segundo ele, o português ainda é pouquíssimo conhecido. “Há um universo de fenômenos que não foram estudados. A língua é vinculada ao conhecimento do mundo e a tudo que temos na memória, não há como entender uma coisa sem a outra”, afirma o professor, que alerta para a ilusão do senso comum de que as gramáticas tradicionais contêm tudo. Perini também se diz assustado com a falta de compromisso da linguística atual com os fatos. “São teorias mirabolantes, escritas poeticamente, mas sem fundamentação empírica. E a linguística sofre com o relativismo cultural, que defende a ideia de que os fatos não são importantes e de que há verdades diferentes para culturas diferentes”, critica. O tom é o mesmo diante da pergunta sobre a recente reforma ortográfica da língua portuguesa. “A reforma é insustentável do ponto de vista linguístico, e seria perfeitamente inútil se não tivesse sido prejudicial”, dispara.
Se os prêmios testemunham a relevância da contribuição acadêmica, depoimentos chamam a atenção para outros aspectos. Heliana Mello, ex-aluna e hoje colega na Fale, lembra que Mário Perini é dono de grande inteligência e senso de humor. “Ele sempre incentivou os jovens pesquisadores e publicou também obras de divulgação científica”, ela acrescenta. Tommaso Raso, também professor da Unidade, destaca o prazer de encontrar o colega nos corredores ou para um almoço. “Com ele é possível discutir linguística de maneira relaxada. Ele alcança resultados científicos importantes trabalhando de maneira generosa e equilibrada, sem perder o foco nas prioridades da vida e das relações com as outras pessoas”, avalia Raso.
E os defeitos? Perini não se furta à confissão: “Sou preguiçoso, inclusive para ler o trabalho de outros linguistas, até porque a maioria escreve de forma pouco clara. E tenho cada vez menos paciência para alunos que vêm pedir ideias. Quero que eles tragam as ideias para que possamos desenvolvê-las juntos”, comenta.
Casado com a professora Lucia Fulgêncio, também da Fale, e pai de dois homens na faixa dos 30 anos, gerados em união anterior, Mário Alberto Perini conta que lê muito, gosta de ver futebol na televisão e toca flauta. Mas os hobbies terão que esperar muito pela exclusividade em seu dia a dia. “Penso em começar a curtir a vida aos 95”, ele brinca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário