Quem é esse Linguista?
MARIO A. PERINI
É atualmente professor
no Programa de Pós-graduação em Língua Portuguesa da PUC de Minas Gerais. Foi
anteriormente professor na UFMG e na UNICAMP e professor visitante nas
universidades de Illinois e do Mississippi (EUA).
Aos 66 anos, Perini tem pelo menos um
motivo para não pensar em parar de trabalhar. Segundo ele, o português ainda é
pouquíssimo conhecido. “Há um universo de fenômenos que não foram estudados. A
língua é vinculada ao conhecimento do mundo e a tudo que temos na memória, não
há como entender uma coisa sem a outra”, afirma o professor, que alerta para a
ilusão do senso comum de que as gramáticas tradicionais contêm tudo. Perini
também se diz assustado com a falta de compromisso da linguística atual com os
fatos. “São teorias mirabolantes, escritas poeticamente, mas sem fundamentação
empírica. E a linguística sofre com o relativismo cultural, que defende a ideia
de que os fatos não são importantes e de que há verdades diferentes para
culturas diferentes”, critica. O tom é o mesmo diante da pergunta sobre a
recente reforma ortográfica da língua portuguesa. “A reforma é insustentável do
ponto de vista linguístico, e seria perfeitamente inútil se não tivesse sido
prejudicial”, dispara.
Se os prêmios
testemunham a relevância da contribuição acadêmica, depoimentos chamam a
atenção para outros aspectos. Heliana Mello, ex-aluna e hoje colega na Fale,
lembra que Mário Perini é dono de grande inteligência e senso de humor. “Ele
sempre incentivou os jovens pesquisadores e publicou também obras de divulgação
científica”, ela acrescenta. Tommaso Raso, também professor da Unidade, destaca
o prazer de encontrar o colega nos corredores ou para um almoço. “Com ele é
possível discutir linguística de maneira relaxada. Ele alcança resultados
científicos importantes trabalhando de maneira generosa e equilibrada, sem
perder o foco nas prioridades da vida e das relações com as outras pessoas”,
avalia Raso.
E os defeitos?
Perini não se furta à confissão: “Sou preguiçoso, inclusive para ler o trabalho
de outros linguistas, até porque a maioria escreve de forma pouco clara. E
tenho cada vez menos paciência para alunos que vêm pedir ideias. Quero que eles
tragam as ideias para que possamos desenvolvê-las juntos”, comenta.
Casado com a
professora Lucia Fulgêncio, também da Fale, e pai de dois homens na faixa dos
30 anos, gerados em união anterior, Mário Alberto Perini conta que lê muito, gosta
de ver futebol na televisão e toca flauta. Mas os hobbies terão que esperar
muito pela exclusividade em seu dia a dia. “Penso em começar a curtir a vida
aos 95” ,
ele brinca.
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